Dentista, empreendedora e Musa da Vila Isabel, Luiza Caldi transformou desafios em oportunidades e hoje divide seu tempo entre a clínica, a atuação, sua marca de biquínis e o Carnaval carioca.


Quando era mais nova, Luiza Caldi sonhava em ser atleta. Jogava handebol o tempo todo e queria seguir carreira no esporte. Mas Deus sabe muito mais do que a gente onde deve nos colocar. Lesões e a falta de apoio do pai na época fizeram com que ela repensasse o futuro. A única área que a atraía era a Odontologia. Aos 17 anos, decidiu não esperar: jogou a nota do Enem, passou e escolheu não fazer cursinho. Queria logo se formar para começar a trabalhar e poder retribuir o que sua família tinha feito por ela. Vinda de uma família que sempre trabalhou muito, queria parar de dar trabalho e alcançar estabilidade para ajudar, se eles precisassem.
Entrou na faculdade meio por acaso, mas se apaixonou: amou o curso, tudo o que viveu e a profissão.


No início atendia bastante, mas hoje Luiza atua muito menos no consultório – apenas com pacientes antigos ou indicações diretas – e está mais voltada para a área estética e de harmonização facial.
Depois que participou do ballet do Faustão, ficou muito tempo sem conseguir atender. Foi quando saiu do ballet do Faustão e voltou para o Rio que começou a investir sua energia em comunicação, redes sociais e projetos pessoais. Sempre teve vontade de falar para mulheres. Fez cursos de oratória, apresentadora e teatro. No último dia de um desses cursos, o dono do espaço a viu se apresentar e disse que ela levava jeito. Convidada para uma aula experimental, apaixonou-se logo na primeira. Parecia que se abriu um universo dentro dela. Até então, seu único sonho era ganhar dinheiro para ajudar a família; sonho pessoal ela nem tinha. Mas percebeu que precisava gostar do que fazia e, de alguma forma, ajudar outras pessoas. Na Odonto, ajudava. Com a arte, consegue usar sua voz – e se apaixonou pela atuação.


Sua marca de biquínis nasceu nesse mesmo momento, quando entendeu que queria colocar energia em outros projetos, não só dentro de um consultório. Uma amiga da faculdade, que já tinha estrutura e loja, sempre a convidava para abrir uma marca. Luiza se via numa caixinha de dentista e tinha dificuldade de sair dela. Mas criou coragem, abriram a sociedade e o negócio vem dando supercerto. Sempre treinou de biquíni em casa, e as pessoas perguntavam de onde eram os modelos. Passou a trabalhar com várias marcas até ter a sua própria.


Sobre a Vila Isabel, Luiza costuma dizer que vive um sonho que nem sabia que tinha. Musa da escola, ela considera um privilégio ocupar esse posto. Era algo muito distante, ela não tinha nem coragem de falar que era um sonho. Mas Deus colocou isso em sua vida e ela é eternamente grata ao presidente Luís, à diretoria e a todos que acreditaram nela. Sabe da tradição e do peso da escola. Leva com seriedade, comprometimento e se sente realmente pertencente à comunidade. Foi muito acolhida, literalmente abraçada, e isso a toca profundamente.
No seu primeiro carnaval como Musa, foi chamada no fim de novembro e tudo aconteceu muito rápido – ensaios, eventos, preparativos. Não conseguiu se preparar como gostaria. Este ano está mais tranquilo: retomou aulas de samba, treinos para fortalecer antigas lesões do handebol, musculação e cuida do sono e da terapia – tanto a convencional quanto a espiritual – porque tudo isso a ajuda a estar bem na avenida. Pensa sempre que há tantas meninas que poderiam estar no seu lugar, então se compromete a fazer o seu melhor.
Conciliar tantas funções ao mesmo tempo é desafiador. Sua maior dificuldade é lidar com a distância: estar no Rio e longe da família e dos amigos. É muito focada no trabalho e às vezes deixa o lado pessoal de lado, algo que sente.
Os próximos projetos de Luiza estão ligados à repaginação da marca de biquínis – parar, pensar e definir o caminho –, à atuação (que estuda há anos, mas ainda fala pouco nas redes) e a um projeto social que está construindo com sua sócia para mulheres em situação de vulnerabilidade, vítimas de violência doméstica e psicológica. Querem oferecer apoio jurídico, financeiro e psicológico. O site já está quase pronto.
Hoje, o Instagram é sua maior vitrine, onde mostra a maior parte do seu trabalho. Receber um prêmio como profissional do Rio de Janeiro é, para ela, uma honra enorme. Dá aconchego no coração. É como olhar para a menina de 17 anos e dizer: “Valeu a pena ter saído cedo de casa, ter corrido atrás, ter passado por tudo. Está dando certo e vai dar mais ainda”. É mais um sonho que não sabia que tinha e está realizando.








